O Brasil iniciou 2021 com o aumento no número de casos confirmados e mortes pela Covid-19, seguido pelo início do processo de vacinação dos grupos prioritários nos municípios do país. Simultaneamente, estamos presenciando o colapso que o Amazonas está vivendo devido à falta de oxigênio nos hospitais. Essa calamidade tem se alastrado e o estado do Pará também está vivendo dias de caos e desespero.
Para conter a pandemia, é necessário que brasileiras e brasileiros sejam imunizados. Celebramos a vacinação das primeiras mulheres que estão na linha de frente no combate ao vírus, uma vez que suas vidas são colocadas em risco em prol do cuidado com o próximo. Mas não podemos nos esquecer que essas mulheres fazem parte de um grupo que é afetado pelas desigualdades raciais e socioeconômicas, e que a pandemia veio para agudizar a vulnerabilidade a que estão expostas. A crise ainda não acabou e vidas continuam sendo perdidas.
A política negacionista e a falta de gestão do governo federal resultam no genocídio dos grupos mais vulnerabilizados. Conforme publicamos em dezembro de 2020, o plano nacional de vacinação é insuficiente pois não inclui pessoas privadas de liberdade, PcDs e indígenas não aldeados. Vale destacar que, de acordo com Censo do IBGE de 2010, cerca de 46% da população indígena vive nos centros urbanos do país.
Além disso, é preocupante ver nos noticiários que a quantidade de vacinas adquiridas pelo governo brasileiro não é suficiente para imunizar os grupos prioritários, e que gestões municipais estão burlando os critérios de vacinação. Ainda sobre a péssima gestão federal no enfrentamento da crise que estamos vivendo, também destaca-se a falácia da diplomacia brasileira que tem prejudicado acordos com países como a Índia e a China nas negociações para o fornecimento de vacinas e insumos ao Brasil. Reafirmamos que a imunização é um direito de toda a população brasileira, e exigimos que o governo federal adote as medidas necessárias para garantir não somente o acesso da população às vacinas, como também a realização de uma campanha de vacinação em todo o território nacional.
Em paralelo, estamos acompanhando o colapso nos estados do Amazonas e do Pará. É inadmissível que tal situação ocorra devido ao descaso do governo federal. Pessoas estão morrendo por asfixia e o Ministro da Saúde foi informado, com antecedência, sobre a possibilidade de falta de oxigênio no Amazonas, mas nada fez para solucionar o problema.
Seguimos na luta para mitigar os efeitos da pandemia em nosso país. Repudiamos as ações do atual governo, que visam exterminar a população brasileira de uma forma tão violenta e cruel, e reconhecemos que o Sistema Único de Saúde (SUS) assume papel fundamental nas ações de enfrentamento à pandemia no Brasil. O fortalecimento da saúde pública é uma medida necessária para a defesa da vida, sobretudo da população mais vulnerabilizada.
Sem direitos, não há saída para crise!