Diante da crise que o Brasil está enfrentando, essa é uma das perguntas que permeia as ações do Observatório Direitos Humanos Crise e Covid-19 este ano.

A pandemia expôs, de forma muito clara, que as questões relacionadas ao trabalho e ao cuidado precisam ser repensadas em nossa sociedade. Essa situação diz respeito à sobrecarga que recaiu, ainda mais, sobre as mulheres, principalmente as mulheres negras e pobres.

Vimos o isolamento social e a quarentena trazer a ampliação da violência doméstica e o crescimento do número de feminicídios no país. Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, entre março e abril de 2020 houve um aumento de 22% nos casos de feminicídio em 12 estados do país. O Acre foi o estado em que os números foram mais alarmantes, com um aumento de 300% dos casos.

No Brasil, para além da crise sanitária trazida pela Covid-19, as mulheres têm arcado com uma maior sobrecarga do trabalho doméstico; das tarefas de cuidado com crianças, idosos, pessoas com deficiência; das atividades relacionadas à educação e à saúde;e da proteção de suas famílias e comunidades a que pertencem. Todas estas tarefas permanecem sendo desigualmente repartidas entre homens e mulheres,, gerando ainda mais injustiças e superexploração das mulheres no contexto da pandemia.

O ódio misógino, racista, etnocêntrico, LGBTQIA+fóbico mobilizado pelo (des)Governo Bolsonaro também promove e autoriza a violência, o desrespeito, o abandono, a exploração, e atrocidades contra a maioria do povo brasileiro. Vivemos em uma conjuntura onde o Presidente e seus aliados seguem implementando uma política de retirada de direitos, de negacionismo, de criminalização dos movimentos sociais, genocídio e ecocídio.

No campo da sociedade civil organizada, iniciativas e alternativas solidárias, cuidadosas e de resistências foram, em sua maioria, criadas, mobilizadas, ou coordenadas pelas mulheres. A multiplicação das estratégias de sobrevivência e manutenção da vida em meio à crise, ocuparam os territórios onde vivem: comunidades e grupos familiares aos quais pertencem.

Fazemos um chamado para que nos somemos nessa empreitada de fazer com que 2021 seja o ano em que reafirmamos a luta por um Brasil mais justo e menos desigual. Um país onde mulheres, negros e negras, povos indígenas, LGBTQIA+, pessoas com deficiência, comunidades periféricas, povos tradicionais e trabalhadoras/es rurais tenham garantidos os seus direitos, muitos deles expressos na Constituição Federal.

Leia, na íntegra, nossa carta-denúncia.